sábado, janeiro 12, 2008

Desfiguração de conceitos


Fazer um discurso tornou-se numa acção surda já de si
Dói ouvir um grito e pensar que ensandeci
Imagino a toda a hora aquilo que por medo não arrisquei
Mas ser poetiza é escrever apenas aquilo que interpretei

Aquilo que algures foi esquecido
Aquilo que em tempos foi um presente vivido
Uma voz que nos apazigua sem um som perceptível
Um sentimento de puro respeito indescritível

Porque te direi tudo aquilo que me indago somente a mim?!
Porque farei com que esta minha incapacidade acabe?!
Se sei que toda esta metamorfose de hegemonia tem um fim?!
Porque tenho a certeza que esta ruela de dor também te invade

Palavras soberbas daquele espectro que nos observa
Saliva que queima onde pousa apenas com o seu toque
Aquele anjo de luz deitado sobre uma pedra
Mas está desfigurado e já não há nada que lhe importe

O mundo abandonou a sua forma particularmente natural
Agora estes monstros são o resultado do que Ele adoptou
Já nada tem a sua forma de reconstrução habitual
Tudo isto é fruto de um ser que por nós nunca indagou

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