quinta-feira, dezembro 27, 2007

A obscuridade da luz

A dor no chão que piso já não tem o cheiro a mendigo gasto por aquelas pedras.
As lágrimas de puro sangue já desapareceram das paredes que o tempo não abalava.
As palavras que o dia abafou, e a noite nunca encontrou.
A aparente hegemonia que todos os olhares medonhos procuram, retira-me toda esta dúvida incompreendida pelo sentido.
Os cabelos negros que a brisa leva sem nenhum valor.
A visão daquela campa de vida ali, rodeada de animais famintos, que somos nós!
A tentativa de fazê-la tornar-se calmamente violenta, sem questão.
O papel em que gasto a tinta, e a sobrecargo de minhas palavras,
Sim, minhas. O que sou numa mera folha…
O suor que me faz a caneta escorregar para um outro lado.
Tudo isto são omnipresenças no ser sobejo que perdi.
Discernimentos sem aparência igual
Vou-me apagar de toda esta materialidade e encontrar o sonho.
Alimentam-se esses olhos cheios, pois a mudança está para longe.


Anna Miranda
12.12.07
10:40h

Monstro Abstracto

Um monstro sem face me tornei
Um ser vazio voltei a ser
As pessoas sempre as magoei
Mas a hegemonia tenho que perder

Dói perceber que nada fiz
Magoa saber que me perdi
Mas sei que dexei de ser aprendiz
Neste mundo em que sobejamente nasci

O gato daquele mosntro ladra
As asas daquele dragão estão velhas
Mas o diabo está à espreita e acha piada
Pela vida mundana das nossas almas em pedras

A escuridão pergunta-me se tenho alguém
Com sabgue nos lábios digo que não
Porque meu pensamente pertence a outrém
O tu que sem pudor esganou o meu dorido coração

O veneno que apoderou o meu sangue
A luz obscura que aqueles vampiros matou
A sua morte embebida em sede emitando um boomerangue
E sua alma já morta, em diracção à terra voou



A sua loucura sem enhuma dúvida
A sua sanidade para sempre incomprendida
A sua campa que deixa sempre húmida
Torna o diabo seu amigo, e a mulher viúva

Já nada nem ninguém lhe dói
Nunca mais quer voltar à vida sofrida
Porque apenas o sol o corrói
Dando-lhe o medo de voltar a ser vivida

A morte sem ser morte

A morte, a minha companheira ao longo de toda esta vida, é a morte.
Penso nela, com discernimento, com paz na minha alma.
Se a morte pudesse ser algo, no meu ver, seria a vida. Se pudesse ser especificamente um objecto, escolheria a cama. Onde todas as minhas energias, positivas ou negativas, são diariamente descarregadas.
A cama, o símbolo de descanso, a morte, o descanso eterno.
Não temo a morte, nunca o farei. Temo a dor, física, pois a psicológica tornou-se em todas as lágrimas derramadas em minha face.
Aceitar a dor, fez de mim a lutadora que acredito que sou. Nem que seja em palavras, sim. As palavras são sem dúvida nenhuma a minha arma.

Que diria á morte se fosse pessoa?

Dir-lhe-ia simplesmente: Olá! Muito prazer! Seja bem-vinda ao meu ser!

O que seria se fosse comida?

Talvez chocolate, porque apesar de fazer mal, é bom e aprecia-lo é sem dúvida a melhor parte.

Se a morte fosse uma cor?

Seria sem dúvida o vermelho. Repensando neste assunto, todos no geral, relacionam a morte com o preto e o vermelho jamais. Adoro o preto para tudo sim.
Mas pensem comigo, o vermelho, a cor do sangue. O sangue que deixa de nos correr nas veias quando morremos, mas que será sempre nosso, estejamos onde estivermos. Uma cor que explica tanto.

Se a morte fosse uma personagem?

Seria cada um de nós. Pois nós ao longo da vida matamos sentimentos, matamos tudo o que nos faça sofrer, e matamos também a ideia de que um dia vamos morrer. Matamo-nos devagarinho, por apenas desejar viver.

Se a morte fosse uma hora?

Seria o meio-dia. Porque sou apologista da noite. Pela sua beleza embora escura, tão clara, mostrando-nos um paralelismo de quem somos. Meio-dia por ser uma hora exacta de um dia.

Se a morte fosse um país?

Sem dúvida nenhuma os Estados Unidos, pois eles próprios se matam com o mundo suburbano que criaram, com a poluição que apoiam, com a decadência que adoptam.

Bem, características para a morte seriam imensas, mas o meu objectivo classificando-a assim, é meramente que percebam porque não a temo, porque faço dela a espera de uma grande amiga.