quinta-feira, dezembro 27, 2007

A obscuridade da luz

A dor no chão que piso já não tem o cheiro a mendigo gasto por aquelas pedras.
As lágrimas de puro sangue já desapareceram das paredes que o tempo não abalava.
As palavras que o dia abafou, e a noite nunca encontrou.
A aparente hegemonia que todos os olhares medonhos procuram, retira-me toda esta dúvida incompreendida pelo sentido.
Os cabelos negros que a brisa leva sem nenhum valor.
A visão daquela campa de vida ali, rodeada de animais famintos, que somos nós!
A tentativa de fazê-la tornar-se calmamente violenta, sem questão.
O papel em que gasto a tinta, e a sobrecargo de minhas palavras,
Sim, minhas. O que sou numa mera folha…
O suor que me faz a caneta escorregar para um outro lado.
Tudo isto são omnipresenças no ser sobejo que perdi.
Discernimentos sem aparência igual
Vou-me apagar de toda esta materialidade e encontrar o sonho.
Alimentam-se esses olhos cheios, pois a mudança está para longe.


Anna Miranda
12.12.07
10:40h

2 comentários:

Sandra disse...

tens uma maneira tão linda de descrever esse sentimento tão puro que te vai na alma.. é estranho.. acho que ainda não te disse que quando leio as tuas palavras me doi cá dentro do peito como se fosse eu que as estivesse a viver.. és linda minha querida.. amo-te de paixão

Acreditar.Lutar. Vencer disse...

gostei essencialmente da expressividade sentimental com que organizas as tuas ideias, e da maneira como atravez da boa organização do texto consegues transpor para mim (leitor), parte dos sentimentos em ti predominantes quando crias-te o texto :)

continua mana, estamos juntos <3

peace